No Brasil, assim como nos Estados Unidos, as teledramaturgias surgiram nos anos 50 a partir da adaptação das novelas de rádio para o então novo meio de comunicação. O que já era sucesso em um desde os anos 1930 não demorou muito para conquistar fãs no outro.
Em 1951 foi ao ar “Sua Vida Me Pertence”, a primeira telenovela brasileira. Foram quinze capítulos exibidos ao vivo de terças e quintas-feiras pela TV Tupi. Na década seguinte as novelas ganhariam capítulos diários. Graças ao surgimento do videoteipe, os episódios podiam ser gravados e a exibição deles diariamente foi fundamental para cativar a audiência. As primeiras novelas nesse formato foram adaptações de teledramaturgias latinas, vindas do México, Argentina e Cuba, como “A Moça que Veio de Longe” (TV Excelsior, 1964) e “O Direito de Nascer” (TV Tupi, 1965).
No final dos anos 60, as novelas finalmente ganharam uma cara brasileira. Até então, elas eram adaptações ou seguidoras do estilo dramalhão que dominava as teledramaturgias latino-americanas. Mas, em 1968, estreou “Beto Rockfeller”, produzida pela TV Tupi. Escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Walter Avancini e Lima Duarte, ela rompeu com o estilo melodramático e construiu uma história mais descontraída, com diálogos coloquiais, temas bem-humorados, trilha sonora pop e uma estética moderna, que dava uma cara brasileira e atualizada ao formato.
O sucesso de “Beto Rockfeller” fez com que as emissoras abandonassem definitivamente o estilo dramalhão importado dos países latino-americanos. Em 1969, a Globo aderiu ao novo modelo e encomendou a Janete Clair que adaptasse para a TV uma história que ela já tinha escrito para a rádio. “Véu de Noiva” virou um sucesso e transformou a atriz Regina Duarte na “namoradinha” do Brasil. Nos anos 70, as novelas conquistaram elevados índices de audiência e uma boa fatia do mercado publicitário. Globo e Tupi dominaram a produção de novelas durante a década. Sucessos como “Irmãos Coragem” e “Pecado Capital”, de Janete Clair, e “O Bem Amado” e “Saramandaia”, de Dias Gomes, estabeleceram o início da hegemonia do modelo de novelas feitas pela Rede Globo. A Tupi, que havia iniciado a transformação da estética da teledramaturgia com “Beto Rockfeller”, conseguiu produzir outros sucessos como “Mulheres de Areia” e “O Profeta”, de Ivani Ribeiro, e “Éramos Seis”, de Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho.
"Roque Santeiro" foi uma das novelas de maior sucesso na história.
Quando começaram os anos 80, a estrutura de produção de teledramaturgias no Brasil já era tão sofisticada e profissional que as novelas de sucesso por aqui viraram produtos de exportação. Cerca de cem países, de Portugal à China, da Rússia à Austrália, chegaram a acompanhar os episódios dublados de produções como “Escrava Isaura” ou “Dancin Days”. A indústria nacional das telenovelas se concentrou na Rede Globo. Sua hegemonia foi poucas vezes ameaçadas desde a década de 80. Produções inovadoras e requintadas como “Guerra dos Sexos”, “Vale Tudo”, “Roque Santeiro”, “Terra Nostra” e “O Clone”, entre outras, garantiram os melhores índices de audiência da TV brasileira. Liderança que foi abalada somente em alguns momentos, como quando a Rede Manchete lançou a novela “Pantanal”, em 1990, ou mais recentemente com as produções da Rede Record, como “Caminhos do Coração” e “Os Mutantes”, e as adaptações de novelas latino-americanas produzidas pelo SBT.
Apesar de ainda ser um dos gêneros preferidos dos brasileiros, a audiência das novelas caiu no novo milênio, provavelmente devido à concorrência de novas opções que se tornaram acessíveis à população, como a TV a cabo e a internet. A audiência das novelas da Globo atingiu em 2008 cerca de 40 milhões de espectadores diariamente, enquanto três anos antes a audiência era de 60 milhões. Apesar da queda dentro do país, as novelas brasileiras ainda continuam a ser um valorizado produto de exportação. Segundo projeções da Globo, no começo dos anos 2000 as novelas comercializadas pela emissora foram assistidas por cerca de 70 milhões de espectadores anualmente no exterior [fonte: REDE GLOBO]