domingo, 1 de fevereiro de 2015

O teatro infantil brasileiro por Carlos Augusto Nazareth


O teatro infantil brasileiro

































Dramaturgo, diretor e professor de literatura, Carlos Augusto Nazareth há 30 anos optou por trabalhar com o universo das crianças. Encontrou no teatro infantil a possibilidade de unir trabalho e prazer.

No ano passado, ao lado dos profissionais Maria Helena Kühner e Rômulo Rodrigues, ele fundou o Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantil (Cepetin). Entre as primeiras realizações do grupo, destacam-se a criação do Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil e a implantação do fórum de discussões sobre dramaturgia para crianças.

Em entrevista ao RIO MÍDIA, o escritor conta como surgiu o teatro infantil no Brasil. Faz uma análise do uso que a escola faz do teatro e destaca porque o setor vive altos e baixos.


Acompanhe:



RIO MÍDIA – Como surgiu o teatro infantil brasileiro?
Carlos Augusto Nazareth –
 A origem do teatro infantil brasileiro remonta à época de José de Anchieta. Foram os padres jesuítas que começaram a usar o teatro como instrumento de catequização. Com o passar dos anos, o teatro infantil foi sendo incorporado às práticas escolares, sempre com um caráter educativo, formativo e moralista. Na verdade, um ranço que até hoje, de certa forma, persegue o teatro infantil.


RIO MÍDIA – Quais eram os textos encenados naquela época?
Carlos Augusto Nazareth –
 Não tínhamos peças brasileiras escritas para as crianças. Encenávamos, ao longo dos primeiros séculos de nossa história, textos europeus que traziam os costumes e a moral daquele continente. Pouquíssimos autores brasileiros escreveram para as crianças. Pode ser citado um ou outro, como o Coelho Neto. Mas sempre havia um caráter educativo permeando esta expressão.


RIO MÍDIA – Você não concorda com a interface entre teatro e educação?
Carlos Augusto Nazareth –
 Quando as pessoas pensam em arte para crianças, geralmente, elas logo a associam a alguma coisa educativa. A arte atua num campo muito mais amplo. Ela pode ser pensada como uma coisa pedagógica porque forma seres humanos, mas não pode ser vista como didática. O teatro, por conta de sua origem no país, ainda possui o ranço de que tem que ensinar algo, de que tem que trazer alguma mensagem. Uma visão equivocada. A cenógrafa Lídia Kosovski diz que o teatro infantil nunca vai desempenhar sua função plenamente enquanto não for encarado como obra de arte. Concordo. A expressão artística, voltada para a criança, não tem que ter a finalidade de educar ou ensinar. Quando a arte é colocada a serviço da educação, da didática, da moral, dos bons hábitos, sua importância se reduz. Uma obra de arte tem o objetivo de fazer pensar e refletir. De levar ao ser humano o conhecimento de si mesmo, do outro e do mundo.




17 comentários:

  1. Matéria maravilhosa sobre teatro infantil!!

    ResponderExcluir
  2. Cada mais interessante as matérias!!

    ResponderExcluir